Estou lendo com muito gosto "A inocência do Padre Brown", do magnífico G. K. Chesterton. A obra é uma versão chestertoniana de Sherlock Holmes, e reserva-nos momentos um delicioso divertimento, aliado a certa tensão que brota das tramas que são engenhosamente arquitetadas pela mente paradoxal de Chesterton. Padre Brown é um Sacerdote católico, pacato e que admite inclusive ser bobo, desde que este "ser bobo" o leve à contemplação da verdade. A Obra é composta por vários contos, e em cada conto, vemos o reverendíssimo Padre Brown esmiuçar psicologicamente cada personagem, quase que mergulhando no fundo de suas almas, mas eivado de um misto de docilidade e perspicácia. Em alguns momentos, a impressão que se tem, é que o próprio Deus ao qual serve o Padre Brown o pôs neste vale de lágrimas para desvendar crimes e tramas que pessoas normais - como nós -, embotadas pela raiva, pela soberba e pela inveja não seriam capazes de fazê-lo.
Recomendo vivamente, não só "A Inocência do Padre Brown", mas absolutamente toda a obra de Chesterton. O nosso Gilbert Keith Chesterton foi um escritor, Jornalista, ensaísta, poeta, biógrafo, e Filósofo britânico, que devido à sua capacidade de dar sentido a coisas que são aparentemente antagônicas e paradoxais, recebeu a justíssima alcunha de "Rei do paradoxo". Não há quem não se deleite, sendo cristão, agnóstico ou até mesmo ateu, com o mar de deliciosos paradoxos dos quais são eivadas as sua obras, em especial uma que gosto muito, chamada "Ortodoxia".
Imaginem qual não foi a minha alegria quando descobri que a BBC produziu uma série inteira sobre o Padre Brown, baseada, obviamente, na obra de Chesterton. A série veio-me como que um auxílio para a construção da imagem do Padre Brown, não por uma deficiência da narrativa Chesterton, que é sublime, mas por uma deficiência minha. Agora, quando deleito-me com os contos do Padre Brown, imediatamente meu intelecto é direcionado para a visualização da personificação do Padre Brown na série da BBC. Leiam Chesterton!
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